Substância chamada STI1 tem papel importante na formação da memória.
Mecanismo pode levar a um novo tipo de tratamento no futuro.
Tadeu Meniconi Do G1, em São Paulo.
Pesquisadores brasileiros descobriram a ação de uma proteína que serve
como proteção aos neurônios contra o avanço do mal de Alzheimer. Os
cientistas acreditam que essa substância possa ser usada em algum
tratamento futuro contra a doença, que é cada vez mais comum entre
idosos e atinge principalmente a memória.
"Identificamos uma ação benéfica que pode vir a se tornar um
tratamento", afirma Pedro Hirata, um dos autores do estudo, publicado na
revista científica "Journal of Neurochemistry".
Hirata é ligado ao Hospital A.C. Camargo, em São Paulo, e faz
intercâmbio na Universidade Western, no Canadá, onde trabalha sob
orientação do também brasileiro Marco Prado.
Na pesquisa, o grupo descreveu as interações químicas de uma proteína
chamada STI1. Ela é uma das responsáveis por ligar o neurônio a outras
substâncias que ficam na superfície dele – por isso, a STI1 recebe o
nome de "ligante".
Em cima dos neurônios, também fica uma proteína chamada príon, que
funciona como um receptor de substâncias do ambiente externo. Os
ligantes fazem a comunicação entre o príon e o neurônio. Essa interação é
responsável por vários processos que ocorrem nas células, desde o
próprio desenvolvimento delas até a formação de um neurônio funcional.
Há vários tipos de ligantes, e cada um provoca um efeito diferente. Em
um trabalho recente, a mesma equipe havia mostrado que, se essa
interação for feita por uma toxina capaz de atingir o sistema nervoso,
os neurônios perdem a comunicação entre si e acabam morrendo. Agora,
nessa pesquisa mais recente, os cientistas descobriram que a proteína
STI1 protege os neurônios e tem um papel importante na formação da
memória.
A ideia de um tratamento futuro, que ainda precisa ser desenvolvido em
laboratório, seria usar a STI1 para blindar os neurônios. Além da
proteção natural, essa proteína ainda ocuparia os espaços de ligação,
dificultando a interação da toxina com as células.
"Esperamos conseguir esses dois efeitos com a proteína STI1", aponta Hirata.
Fonte: www.g1.globo.com/bemestar/noticia/2012/07/brasileiros-identificam-proteina-que-protege-neuronios-contra-alzheimer.html